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Estação do Valongo, 150 anos de história

Os ares aristocráticos vieram da Inglaterra, onde a construção foi projetada. Lá no alto, se as figuras de leões lembram o poder inglês que dominava o mundo, o sino e o relógio recordam a pontualidade britânica de chegadas e partidas. Pontualidade antigamente tão necessária na Estação do Valongo, que em 2017 (16/02) comemorou 150 anos. Situada no Centro Histórico de Santos, por mais de um século ela recebeu os passageiros que partiam de Jundiaí, mais os que embarcavam na capital paulista, em direção a Santos.

A edificação apresenta feições neoclássicas da época vitoriana. Dispõe de corpo quadrangular centralizado e mais dois laterais semelhantes, com telhados em declive, adotados na Europa para o escoamento da neve. Essas mansardas culminam com varandins de ferro, mesmo material das colunas do térreo, a sustentarem, solidárias, cobertura dianteira que avança na fachada para abrigar o viajante, faça chuva ou sol.

Inaugurada no bairro do Valongo em 16 de fevereiro de 1867, a São Paulo Railway foi construída por investidores ingleses graças à ousadia de Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá. Obtendo, em 1856, concessão do Governo Imperial para a viabilização da estrada de ferro, ele se tornou um dos maiores acionistas da empresa. Porém, antes da conclusão da obra, Mauá endividou-se com banqueiros ingleses, vendo-se obrigado a transferi-la totalmente para as mãos da São Paulo Railway, que a administrou até 1946. Durante muitos anos, o complexo ferroviário operou sozinho, só perdendo espaço para a estrada de ferro Sorocabana, surgida posteriormente.

Com o final da concessão governamental, passou a pertencer à União, com o nome de Estrada de Ferro Santos-Jundiaí. Nos anos 70, foi transferida para a Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima (RFFSA) e, em 1997, foi entregue à concessionária MRS, que hoje a controla. Pela ferrovia foi escoado o café e a maior parte da riqueza que ajudou a construir São Paulo e o Brasil, além da maioria dos imigrantes que aqui chegaram.

Desativada em 1996 com a extinção do transporte de passageiros, a estação permaneceu fechada e sem uso por vários anos. O projeto de revitalização do Centro Histórico motivou a Prefeitura Municipal a estabelecer contato com a proprietária do imóvel, a Rede Ferroviária Federal, para a aquisição do prédio. Após entendimentos entre a Prefeitura Municipal e o Governo do Estado de São Paulo, este liberou verba para a restauração.

Finalmente, em 12 de maio de 2003, tiveram início os serviços de recuperação da estação, reinaugurada em 23 de janeiro de 2004. A municipalidade obteve, finalmente, em 24 de março de 2006, a posse definitiva do edifício, que hoje abriga a Secretaria Municipal de Turismo (Setur).